Na maioria dos casos são benignos, mas exigem atenção, diagnóstico correto e acompanhamento médico.
Os cistos ovarianos fazem parte da realidade de muitas mulheres em idade reprodutiva e, embora sejam comuns, ainda despertam dúvidas e inseguranças. Trata-se de bolsas cheias de líquido que se formam dentro ou na superfície dos ovários. Em grande parte das vezes, são formações benignas e transitórias, que desaparecem sozinhas ao longo do ciclo menstrual. Ainda assim, podem causar sintomas como dor pélvica, irregularidades menstruais, sensação de peso abdominal e, em casos menos frequentes, complicações que exigem intervenção médica. Compreender o que são, por que surgem e como devem ser acompanhados é essencial para lidar com essa condição de forma segura.
Como os cistos ovarianos se formam e quais sinais merecem atenção?
Os cistos podem surgir por diferentes mecanismos, sendo os mais comuns os chamados cistos funcionais. Eles aparecem quando um folículo, que deveria liberar o óvulo durante a ovulação, continua a crescer e acumula líquido. Geralmente, desaparecem espontaneamente em poucos ciclos e não oferecem risco. Outros tipos, como os cistos dermoides, endometriomas e cistadenomas, têm origem diferente e podem necessitar de acompanhamento mais próximo ou até cirurgia.
Em muitos casos, os cistos ovarianos não causam sintomas e são descobertos apenas em exames de rotina, como a ultrassonografia. Quando presentes, os sinais mais comuns incluem dor pélvica constante ou intermitente, sensação de inchaço abdominal, alterações no ciclo menstrual, dor durante a relação sexual e, em situações específicas, náuseas ou desconforto ao urinar e evacuar. Em casos raros, um cisto pode se romper ou torcer o ovário, provocando dor intensa e necessidade de atendimento médico imediato.
O diagnóstico é feito principalmente pela ultrassonografia transvaginal, que permite visualizar o tamanho, a forma e as características internas do cisto. Exames complementares, como dosagem hormonal ou ressonância magnética, podem ser solicitados quando há dúvida sobre o tipo de cisto ou quando ele persiste por muito tempo. A maioria dos casos é acompanhada com reavaliações periódicas, mas situações em que o cisto cresce, apresenta características suspeitas ou provoca sintomas importantes podem levar à indicação de tratamento.
Tratamentos disponíveis e impacto na vida da mulher
A conduta diante de um cisto ovariano depende do tipo de cisto, do tamanho, da idade da mulher e da presença ou não de sintomas. Quando os cistos são funcionais e assintomáticos, geralmente a recomendação é apenas acompanhar com exames periódicos, já que tendem a desaparecer espontaneamente. O uso de anticoncepcionais pode ser indicado em alguns casos para evitar o aparecimento de novos cistos, embora não seja uma regra.
Em situações em que o cisto cresce, causa dor frequente ou apresenta risco de complicações, pode ser necessário tratamento cirúrgico. As técnicas mais utilizadas são minimamente invasivas, como a videolaparoscopia, que permite a retirada do cisto preservando o tecido saudável do ovário. Esse cuidado é fundamental para mulheres que desejam manter sua fertilidade. Em casos mais complexos, pode ser indicada a retirada parcial ou até total do ovário, decisão que deve ser individualizada e discutida entre paciente e médico.
Além do impacto físico, os cistos ovarianos podem gerar preocupação emocional. O medo de que um cisto seja maligno, por exemplo, é frequente, mas é importante reforçar que a maioria esmagadora é benigna. Apenas uma pequena parcela está associada a tumores malignos, e, nesses casos, geralmente aparecem em mulheres após a menopausa. Por isso, o acompanhamento médico adequado e a realização de exames são fundamentais para diferenciar situações simples daquelas que exigem atenção especial.
Outro ponto essencial é a relação entre cistos ovarianos e fertilidade. Na maior parte das vezes, eles não impedem a gravidez, especialmente quando são funcionais. Contudo, alguns tipos específicos, como os endometriomas, podem estar associados à endometriose e dificultar a concepção. Nesses casos, a avaliação individualizada ajuda a traçar estratégias adequadas para preservar a fertilidade e planejar a gestação com segurança.
Em resumo, os cistos ovarianos são comuns e, na maioria das vezes, não representam uma ameaça grave à saúde. Ainda assim, merecem acompanhamento, informação de qualidade e acolhimento, já que cada mulher vive essa condição de maneira única. Reconhecer sinais de alerta, compreender as opções de tratamento e contar com o suporte de uma equipe de saúde são passos fundamentais para enfrentar essa experiência com tranquilidade. A informação empodera e transforma o medo em cuidado consciente.
Referências bibliográficas
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